o camões da madragoa era uma velho de vistas anormalmente curtas – cego de um olho, com o restante via mal ao longe – que no finzinho do século dezanove habitou um casebre no coração daquele castiço bairro lisboeta. sabe-se hoje que o velho camões da madragoa não sabia ler nem escrever, que o afligiam recorrentes acessos de autismo, e que ao falar chiava as sibilantes de forma tão desagradável que punha esgares nas feições dos ouvintes. mas, ui!, o que ele bailaricava de bem depois de meio copito de tinto! e portanto o camões veio a tornar-se o imperador das marchas de santo antónio, a eterna coqueluche da sua madragoa natal.foi pois em honra a esta personagem por mim acabadinha de ficcionar que se veio a baptizar o braço armado do governo português na batalha pela promoção da língua portuguesa no mundo – o instituto camões da madragoa (icm). fiel ao padroeiro, que apenas abandonava a sua rua por altura dos santos e somente até à avenida da liberdade, o icm vai lentamente anunciando aos seus aspirantes a leitor, em florilégios institucionais: ‘se fores de lisboa, melhor para ti; se não fores, olha fosses’.
tive há algum tempo atrás o prazer de me candidatar – santinho – ao posto de leitor do icm, um concurso aberto durante o alucinante período de cinco dias úteis. estas coisas circulam bem é de boca em boca, já se sabe. mas qualquer patego perceberá que de boca em boca se chega mais depressa do marquês à alameda da universidade do que (sei lá) a chittagong ou angra do heroísmo. o processo de selecção conheceu três fases, a saber:
- envio das candidaturas. por correio electrónico, que fácil que é;
- prova escrita, para a qual foram seleccionados trinta e dois felizardos; compareça daqui a uma semana na sede do icm em lisboa, sita na rua não-sei-quê-e-troca-o-passo número tal. ah, mas eu moro na holanda, não dá para fazer a prova aqui perto? hmm, vai ser difícil, só pedindo por escrito. excelentíssima senhora presidente do icm, faça lá o jeitinho. pronto pronto, vá, mas só desta vez, sem exemplo. eternamente grato, oh eternamente grato;
- entrevista aos sete finalistas; compareça na sede do icm em lisboa, sita na rua não-sei-quê-e-troca-o-passo número tal. ah, mas não dá para fazer por telefone? não. e há ajudas de custo para transporte e alojamento? não. então mas. apareça e é se quer.
eis o resultado. se estiver interessado, poderá ter acesso às actas referentes à avaliação da sua candidatura, porque isto a gente somos transparentes e isso assim. ah bom, solicitaria então que me fosse enviada uma cópia da acta em questão. concerteza, estimado senhor, poderá consultá-la entre as nove e as cinco na sede do icm em lisboa, sita na rua não-sei-quê-e-troca-o-passo número tal...


wisely, i did not make my way there until ten thirty. preparations were still under way. by eleven it all began, frenetic music spreading in waves from a small stage plus bright lights shining down on flower-framed divinities and a powerful bass booster. an elderly gentleman in a kurta finally brings me up to date with the proceedings. today is ram navami, the birthday of lord rama. and here in this little square which is actually a road cut off by strategically parked motorcycles, gathers the hindu population in this section of dhal ni pol.
there is much singing and rejoicing, sudden outbursts of arm-raised frenzy, numerous 'jai shri's and millions of smiles all around. then the moment comes to honour some of the community's men (those who have recently excelled in some thing or another, i assume) with a tilaka and a garland of yellow flowers. to my delight, i discover that the musicians are not a band hired for the occasion but rather inhabitants of the pol.
