27.11.10
17.11.10
Cortesia Zero
sumário das conclusões de exaustivo e cuidadoso estudo científico realizado na minha sala de estar (população: 1)
percepção:
1a. desde a sua chegada ao delta do rio das pérolas, o informante afirma-se atingido por ou testemunha de uma quantidade inusitada de actos de descortesia;
1b. o informante reputa por "uma sorte dos diabos" [sic.] a ausência de marcas físicas permanentes resultantes de: a) encontrões de tipologia diversa; b) recontros forçados com paredes no decurso da sua circulação no passeio público; c) atropelamento (iminente ou efectivo) em passadeiras de peões; d) esmagamento em locais públicos fechados (e.g., elevador, transporte público, centro comercial) ou abertos (e.g. praça, escadaria, rua comercial);
análise quantitativa:
2. cotejando este período de 20 meses com os 28 anos em que o informante residiu noutras regiões do globo, observa-se ser a incidência de actos de descortesia dirigidos ao participante no delta do rio das pérolas consideravelmente superior quer em termos de token (caso) quer em termos de type (tipo);
análise qualitativa:
3. os actos de descortesia elicitados podem ser classificados nas seguintes categorias: a) os que contrariam os princípios fundamentais da partilha pacífica de espaço (e.g. persistente mito da opacidade própria, bloqueio de saída de elevador, imobilidade em espaços públicos congestionados, preferência pelo trânsito em passeio público num ponto equidistante das suas extremidades) e recursos (e.g. não-reconhecimento de filas organizadas por ordem de chegada ou qualquer outro critério, recusa de avançar para traseira de autocarro em processo de enchimento); b) os que contrariam a inteligência (e.g. tentativa de forçar entrada em elevador antes da saída de passageiros, tentativa de garantir entrada prioritária em avião/autocarro/comboio/barco com lugares marcados, tentativa de garantir saída prioritária de avião/autocarro/comboio/barco enquanto este ainda se encontra em movimento, avanço em massa para o espaço reservado para a paragem do autocarro forçando o mesmo a imobilizar-se na via de rodagem);
auto-avaliação:
4. confrontado com a proposta teórica de que a elevada densidade populacional possa estar na origem do fenómeno, o participante: a) rebola os olhos; b) emite breve riso sarcástico; c) produz estalido com a língua; e d) profere a fórmula "yeah right"* [sic.].
*Em Ptg. "tá bem, abelha".
percepção:
1a. desde a sua chegada ao delta do rio das pérolas, o informante afirma-se atingido por ou testemunha de uma quantidade inusitada de actos de descortesia;
1b. o informante reputa por "uma sorte dos diabos" [sic.] a ausência de marcas físicas permanentes resultantes de: a) encontrões de tipologia diversa; b) recontros forçados com paredes no decurso da sua circulação no passeio público; c) atropelamento (iminente ou efectivo) em passadeiras de peões; d) esmagamento em locais públicos fechados (e.g., elevador, transporte público, centro comercial) ou abertos (e.g. praça, escadaria, rua comercial);
análise quantitativa:
2. cotejando este período de 20 meses com os 28 anos em que o informante residiu noutras regiões do globo, observa-se ser a incidência de actos de descortesia dirigidos ao participante no delta do rio das pérolas consideravelmente superior quer em termos de token (caso) quer em termos de type (tipo);
análise qualitativa:
3. os actos de descortesia elicitados podem ser classificados nas seguintes categorias: a) os que contrariam os princípios fundamentais da partilha pacífica de espaço (e.g. persistente mito da opacidade própria, bloqueio de saída de elevador, imobilidade em espaços públicos congestionados, preferência pelo trânsito em passeio público num ponto equidistante das suas extremidades) e recursos (e.g. não-reconhecimento de filas organizadas por ordem de chegada ou qualquer outro critério, recusa de avançar para traseira de autocarro em processo de enchimento); b) os que contrariam a inteligência (e.g. tentativa de forçar entrada em elevador antes da saída de passageiros, tentativa de garantir entrada prioritária em avião/autocarro/comboio/barco com lugares marcados, tentativa de garantir saída prioritária de avião/autocarro/comboio/barco enquanto este ainda se encontra em movimento, avanço em massa para o espaço reservado para a paragem do autocarro forçando o mesmo a imobilizar-se na via de rodagem);
auto-avaliação:
4. confrontado com a proposta teórica de que a elevada densidade populacional possa estar na origem do fenómeno, o participante: a) rebola os olhos; b) emite breve riso sarcástico; c) produz estalido com a língua; e d) profere a fórmula "yeah right"* [sic.].
*Em Ptg. "tá bem, abelha".
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